Como começar a desenvolver um jogo: ideias, referências e primeiros passos

O que nasce primeiro: o personagem, o mundo ou a mecânica?

Se você sente vontade de criar jogos, mas não sabe por onde começar, aqui vai uma verdade libertadora:
desenvolver um jogo é muito mais sobre imaginar do que sobre programar.

Mais do que uma sequência de códigos ou comandos, um game nasce de uma inquietação, uma ideia que insiste em existir, um universo que pede para ser vivido.

Neste artigo, reunimos insights, ferramentas e caminhos para quem quer dar o primeiro passo no desenvolvimento de jogos autorais, mesmo sem formação técnica.

Como começar a desenvolver um jogo ideias, referências e primeiros passos

Nem todo game começa com um computador

Muitos dos jogos mais marcantes da história nasceram no papel.

Shigeru Miyamoto esboçava mapas como labirintos de infância. Toby Fox começou Undertale com músicas antes mesmo de definir o gameplay.
E o brasileiro Aritana e a Pena da Harpia começou com anotações em cadernos escolares.

Antes de qualquer engine, existe uma pergunta: o que você quer criar?

Pode ser um mundo surreal, um personagem quebrado, um sentimento que precisa ser experimentado por alguém além de você.

O que você quer que o jogador sinta?

Essa pergunta vale mais do que qualquer tutorial.

Todo bom game é uma experiência emocional.
E definir essa emoção é um atalho criativo para tomar decisões de design, arte e som.

  • Quer que o jogador se sinta vulnerável? Pense em ambientações como Limbo ou Inside.
  • Busca um jogo de descoberta e contemplação? Estude Journey, Abzû ou Shadow of the Colossus.
  • Deseja provocar reflexão ou estranhamento? Papers, Please e Pathologic são grandes estudos.

Comece pela sensação. A técnica vem depois.

Ferramentas para tirar ideias do papel

Você não precisa criar uma engine do zero.
Existem ferramentas intuitivas, muitas delas gratuitas, para transformar seu universo em algo jogável:

Engines acessíveis para iniciantes:

  • Godot (open source e leve)
  • RPG Maker (ideal para narrativas)
  • Bitsy (mínima, perfeita para poesia interativa)
  • Construct (drag and drop, sem código)
  • Twine (histórias interativas baseadas em texto)

Se você quiser ir além:

  • Unity (mais técnica, mas com ampla documentação e tutoriais)
  • Unreal Engine (para projetos ambiciosos, com foco visual)

Lembre-se: a ferramenta é um meio. O jogo é a mensagem.

Documente suas ideias como um “grimoire”

Criadores de jogos muitas vezes tratam seu GDD (Game Design Document) como um grimório pessoal, o livro que guarda o universo.

Você não precisa seguir padrões de indústria, mas ter uma base ajuda muito:

Seu GDD pode conter:

  • A premissa do jogo (em uma frase)
  • Mecânica principal
  • Personagem central
  • Referências visuais e sonoras
  • Fluxo básico da gameplay

Escreva, desenhe, monte colagens. Deixe o universo respirar.

Comece pequeno, pense grande

A maior armadilha de quem começa é tentar criar um jogo completo logo de cara.

Faça um jogo com uma única fase, ou uma mecânica simples.
Crie um personagem que só anda e interage com um objeto.
Teste ideias. Brinque com possibilidades.

É no pequeno que se aprende o que funciona.

Aliás, Celeste, Baba Is You e até Stardew Valley começaram como protótipos ou game jams.

Conclusão

Você não precisa de um diploma, nem de uma equipe de 20 pessoas.
Precisa de uma ideia que não te deixa em paz e coragem para começar.

Jogo é linguagem. É arte. É memória jogável.

E se você carrega mundos dentro da cabeça, talvez esteja na hora de criar o seu.

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