O que acontece quando um jogo te convida a ouvir mais do que a falar?
Death Stranding, criação de Hideo Kojima, é um título que subverte não apenas as regras dos jogos de ação, mas também redefine o papel da trilha sonora nos videogames. A trilha sonora de Death Stranding não é um pano de fundo. É o próprio cenário emocional da jornada de Sam Porter Bridges.
A linguagem do vazio
Desde os primeiros passos de Sam, cruzando um mundo desolado e quebrado, a trilha sonora de Death Stranding surge como uma presença narrativa.
Bandas como Low Roar, Silent Poets e CHVRCHES não foram escolhidas apenas por estilo, mas por carregar na voz e nas melodias a melancolia necessária para preencher um universo em ruínas.
Você está caminhando sozinho, enfrentando montanhas e rios. De repente, um acorde suave. Uma letra sussurrada. E ali, no meio do nada, você sente que não está sozinho.
A trilha sonora de Death Stranding é parte do gameplay
Sim, você joga com música.
Ao contrário de muitos jogos que reservam músicas para cenas de ação ou menus, Death Stranding integra suas canções ao momento a momento do jogo. Isso cria algo raro: uma experiência sonora personalizada pela própria caminhada do jogador.
Por exemplo:
- Ao escalar uma encosta, “Don’t Be So Serious” da Low Roar pode começar a tocar.
- A travessia de um rio pode ser embalada por “Asylum for the Feeling”.
- Um reencontro pode vir acompanhado da voz melódica de CHVRCHES.
Essa ambientação musical não é aleatória. Kojima utiliza a trilha como um instrumento de storytelling emocional, reforçando a ideia de que reconstruir conexões exige entrega e vulnerabilidade.
como o silêncio também faz parte da trilha sonora de Death Stranding
É impossível falar da trilha sonora de Death Stranding sem mencionar seus silêncios.
O vazio sonoro entre as faixas é tão impactante quanto as músicas em si. O som dos passos, da chuva temporal, do vento cortando o val, tudo isso compõe uma paisagem acústica onde o silêncio carrega peso simbólico.
Essa escolha nos leva a refletir:
quantos jogos nos fazem ouvir a solidão como linguagem?
Low Roar e a trilha sonora de Death Stranding
A banda islandesa Low Roar se tornou a alma musical de Death Stranding. Após Kojima descobrir suas músicas durante uma viagem à Islândia, o encontro artístico foi inevitável.
Faixas como:
…se tornaram ícones não só do jogo, mas de uma estética sonora que valoriza o ritual da travessia. Low Roar canta sobre isolamento, tempo e esperança, temas que ressoam profundamente na narrativa de Sam.
Infelizmente, Ryan Karazija, vocalista do Low Roar, faleceu em 2022, deixando um legado que se eterniza também nas paisagens sonoras criadas por Kojima.
A trilha sonora de Death Stranding como ponte emocional
Em um jogo sobre reconstruir o mundo e reconectar pessoas, a música também cumpre o papel de ponte simbólica.
Ela conecta jogador e personagem, une narrador e narrativa, e nos convida a sentir em vez de apenas jogar.
Death Stranding não oferece vitórias fáceis. Mas oferece beleza no caminho.
E muitas vezes, essa beleza se revela em uma canção que começa a tocar quando você menos espera, mas mais precisa.
Além disso, para quem deseja mergulhar ainda mais no universo criado por Kojima, vale conferir a análise sobre como Death Stranding redefine a solidão nos games com sua proposta única de conexão entre mundos: Death Stranding e a arte de conectar mundos: como Hideo Kojima redefiniu a solidão nos games.
Conclusão
A trilha sonora de Death Stranding é um dos elementos mais marcantes e originais do jogo.
Ela não está lá para entreter. Está lá para dialogar com a jornada, com o silêncio, com o peso de cada entrega.
Kojima não só entende música. Ele a utiliza como extensão de sua linguagem visual e narrativa.
E o resultado é um dos usos mais sensíveis da trilha sonora em toda a história dos videogames.
Se você ainda não escutou Death Stranding com fones de ouvido e o coração aberto, talvez esteja perdendo uma das experiências mais profundas que um jogo pode oferecer.
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