A música como narrativa em The Last of Us: quando o som conta a história

Você já parou para perceber como uma simples nota pode doer mais que um diálogo?

Em The Last of Us, tanto no jogo quanto na série, a trilha sonora não é apenas um pano de fundo. É uma personagem viva, que sente, sangra e carrega nas costas parte do peso emocional da narrativa. E se há algo que diferencia essa obra de tantas outras no universo dos games e das adaptações para TV, é justamente o poder do silêncio… e daquilo que preenche esse silêncio: a música.

A música como narrativa em the last of us quando o som conta a história
Créditos: Naughty Dog

Como a trilha sonora conduz emoções sem dizer uma palavra

Na criação do mundo devastado de The Last of Us, Gustavo Santaolalla entrega uma trilha de texturas cruas e melancólicas. Usando instrumentos como o ronroco e o banjo, ele constrói uma sonoridade quase artesanal, feita de pausas, ecos e imperfeições. O resultado é uma música que não impõe emoção, mas a sugere, criando um elo direto com a dor e a humanidade dos personagens.

Quando Joel perde a filha no início do jogo, não há explosões sonoras. Apenas um tema delicado que ecoa o trauma.
Quando Ellie sorri no meio do caos, há um leve respiro musical que parece sussurrar: “isso importa”.

É nesse espaço entre a ação e a introspecção que a trilha se insere — como se ela soubesse mais sobre os personagens do que eles próprios.

Gustavo santaolalla entrega uma trilha de texturas cruas e melancólicas
Créditos: Sony

A música na série de The Last of Us (HBO): continuidade e releitura

Com a série de The Last of Us na HBO, a música de Santaolalla voltou aos holofotes, e não como nostalgia, mas como continuidade narrativa.

A série mantém temas clássicos do jogo, como “The Last of Us (Main Theme)”, mas também os reinventa, agora em diálogo com uma nova linguagem visual e novos silêncios. O uso de músicas licenciadas, como “Long Long Time” de Linda Ronstadt no episódio de Bill e Frank, mostrou que a série também entende o poder de uma boa canção para contar histórias profundas com poucos gestos.

Episódios inteiros foram lembrados não apenas por suas cenas, mas pelo que tocava enquanto elas aconteciam.

Trilha sonora como fio condutor da narrativa

A música em The Last of Us funciona como:

  • Espelho emocional dos personagens
  • Marca de passagem de tempo e perda
  • Reflexão do vazio e da esperança em uma América devastada
  • Ligação silenciosa entre o jogador (ou espectador) e os dilemas humanos da história

Ela é subjetiva e brutal ao mesmo tempo, como se dissesse: isso é o que restou de nós.

Ouça e sinta

A trilha sonora de The Last of Us não é feita para tocar ao fundo — ela existe para ser sentida. Abaixo, você encontra algumas das composições mais marcantes, com espaço para ouvir cada uma diretamente do blog. Escute com calma, como quem revive cenas gravadas na alma.

● “The Last of Us (Main Theme)”
A faixa que abriu o jogo e o coração de milhões. É crua, melancólica e icônica. O verdadeiro som do fim e do recomeço.

● “All Gone (No Escape)”
Um tema que traduz o sentimento de perda sem precisar de palavras. É como ouvir uma despedida que nunca foi dita.

● “Vanishing Grace”
Delicada e carregada de emoção, essa faixa é como uma carta não enviada. Fala sobre o que foi, e nunca mais será.

● “The Path” (da série HBO)
Traz um novo tom à jornada, costurando os momentos da série com uma sensibilidade cinematográfica. Sutil, intensa e visual.

● “Long Long Time” – Linda Ronstadt
Usada em um dos episódios mais comoventes da série, essa música se tornou símbolo de um amor possível em meio ao caos. Um lembrete de que há beleza mesmo nas ruínas.

Conclusão

The Last of Us nos ensina que não é preciso gritar para ser inesquecível. Que a música, muitas vezes mais do que as palavras, pode traduzir a dor, o afeto, o luto e a esperança. Ao entender isso, o jogo e a série entram em um patamar artístico que poucos alcançam: o de provocar sentimento puro.

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